sexta-feira, 20 de março de 2015

Te Wairoa - cap 9


O último capítulo de Te Wairoa traz um poema escrito por meu caro amigo blogueio, o poeta Samuel Balbinot, autor do blog "Lapidando Versos".
Há também a bibliografia consultada, pois "Te Wairoa" foi baseada em fatos reais.
Espero que o você tenha apreciado a saga e goste do último capítulo!

...beijinhos***





O silêncio costumeiro
Foi rompido pelos gritos...
Na montanha um verdadeiro
Estrondo acendeu os mitos;

O demônio que dormia
Por séculos nesta terra...
Acordou pela magia
Negra a trazer nova guerra;

A coluna de fumaça
Expelida pelo vulcão...
Deixou negrume na praça...
Medrou a população;

Bolas de fogo fatais
Sendo lançadas aos céus;
Lava nas águas termais
Já fazem de todos réus;

Fogo purificador
Para os tantos pecadores...
Queimados vivos no horror
Junto com as mortas flores;

Tamanha foi a explosão
Que romperam-se as crateras...
Dando vazão a erupção
Da lava de tantas eras;

O lago antes cristalino
Foi engolido em segundos...
Revelando tal destino
Escrito por moribundos;

Tantos detritos lançados
Cortando corpos ao meio...
Todos sendo empilhados
No solo de cinzas cheio;

Corpos perdidos na lama...
Isentos de qualquer vida;
Almas que um anjo embalsama
Para a terra prometida;

A ilha toda devastada...
Lama e corpos sem ação;
Uma terra castigada

Pela força de um vulcão;

                                                                                                                Samuel Balbinot


Último Capítulo

A erupção continuou furiosamente até às seis da manhã. Nisto, tão subitamente como havia principiado, a chuva de lama parou.

Cerca de nove horas da manhã, a chuva de lama tornou-se mais leve. O vento, felizmente para eles, mudou para o sul. Pouco depois, Clara e os inspetores viram Joseph McRae, o dono do hotel, e seus cunhados, chegando para ver se alguém havia sobrevivido ao incêndio da escola. Foram todos até as ruínas e encontraram a senhorita Ina Haszard e a velha Maria abrigadas sob alguns móveis no que tinha sido o meu quarto onde estava Lundius. 
Mas não ouviram nenhum som ou indicação de qualquer outra pessoa viva sob os escombros.

Por essa altura todo mundo estava deixando Te Wairoa, indo para Rotorua, o único lugar habitado de mais fácil acesso naquele momento. 

A dor era terrível para as pessoas Tuhourangi e Ngati Rangitihi. Eles perderam membros da família, os seus meios de subsistência e os ossos de seus antepassados em uma noite terrível. 


As irmãs Ina e Clara não queriam partir – tinham ainda esperança de haver mais algum de sua família nos escombros da escola – a princípio se recusaram, acabaram cedendo à persuasão dos demais.
Lundius acreditava que não havia muita chance de mais alguém ser encontrado vivo entre as ruínas, e que não podiam ter certeza se o inferno não recomeçaria com uma nova chuva de lama vulcânica. “Nosso dever está mais para nossas vidas do que para com os mortos” – disse pesaroso. 

As irmãs Haszard e os inspetores decidiram, por fim, seguirem, como os demais sobreviventes para Rotorua.

Quando o grupo, formado pelas irmãs Haszards e os inspetores, saiu de Te Wairoa estava na região de Tikitapu, encontraram, para sua alegria, Ted Robertson que dirigia um bugre. Ted disse ao grupo que Rotorua estava intacta, mas a maioria das pessoas tinha ido para Tauranga ou Oxford (que depois passou a se chamar “Tirau”).

O motorista do bugre levou o grupo de volta para Te Wairoa, e eles começaram a limpar os escombros da casa demolida dos Haszard. Logo Lundius descobriu que o corte que havia sofrido quando quebrou as janelas foi mais grave do que ele pensava, e que não podia fazer muita escavação.

Depois de um tempo, viram uma mão se mover através de uma abertura feita pela escavação, e encontraram a Sra. Haszard viva. Assim que a retiraram dos escombros perceberam que uma de suas pernas estava esmagada. Ela contou que seus filhos estavam todos mortos. Improvisaram uma maca para a senhora.

Lundius descobriu o seu cavalo, que tinha deixado no cercado perto da casa. O cavalo tinha vários centímetros de lama em cima dele, embora não estivesse ferido de alguma forma. 

Lembrou-se do vaso com a caixa no lavadouro. Ao verificar constatou que o lavadouro estava intacto, então abrindo cuidadosamente a caixa descobriu que continha bananas conservadas!

***

Na noite da erupção, um grupo de construtores de estradas estava acampado no lado leste da planície Kaingaroa. Somente Maoris foram empregados Os homens tinham uma boa visão do Monte Tarawera. Eles podiam ver o terrível espetáculo de fogo e da nuvem decorrente da montanha. Um dos maoris pensou que o fim do mundo havia chegado, e que era hora de ele fazer as pazes com o seu Criador, especialmente porque ele tinha sim um passado ruim. O maori orou com fervor e acabou por dizer sinceramente – "Oh Senhor, se você me permitir viver esta noite, eu vou dar-lhe uma libra!”.
Esse Maori sobreviveu, mas não se sabe se ele pagou sua promessa.

***

Mr. Harris Lundius foi convidado pelo Mr. James Stewart, para atuar como guia para uma excursão com a intenção de ir tão perto quanto possível do local da revolta do vulcão. Partiram de Rotorua na manhã de sábado, 12 de Junho. Quando entraram onde antes tinha sido a aldeia Te Wairoa, ouviram de debaixo de um monte, onde concluíram que seria um whare (casa maori) soterrado, os mais angustiantes gritos horripilantes.

Naturalmente, chegaram à conclusão de que alguém foi enterrado lá e apressaram-se a obter alguns implementos para efetuar um resgate. Depois de esforços frenéticos chegamos ao telhado do whare. Quando conseguiram fazer uma abertura, saltou para fora um grande gato preto! 

Esse gato deve ter mais do que sete vidas! – disse Lundius

***

Quando os sessenta e dois sobreviventes saíram da casa de Sophia e dos poucos outros edifícios de Te Wairoa que resistiram à violência daquela noite, até onde a vista alcançava rodeava-os uma total desolação. Cerca de cento e trinta e dois quilômetros quadrados de terreno estavam enterrados sob a lama.



Muito mais tarde, a Guia Sophia se lembrou de que o antigo chefe Rangiheuea tinha oferecido mel coletados em Tarawera para ela. Sabendo que era tapu (proibido), ela recusou. Todos que comeram o mel morreram na erupção, incluindo o jornalista inglês e o chefe Rangiheuea. 


Em algumas áreas as equipes de salvamento trabalharam dentro do lodo cinza-escuro que lhes batia pela cintura. A aldeia maori de Te Akiki, situada a apenas alguns quilômetros da montanha em erupção, tinha desaparecido sob uma camada de lama de dez metros de espessura. Uma outra aldeia, Moura, e seus habitantes nativos, desapareceu da mesma maneira.


Tama arduamente cavou por quatro dias até conseguir achar o whare de Tuhoto Ariki. O bruxo estava vivo, murmurava palavras de magia karakia – Tamaohoi protegeu e poupou seu libertador.
Ariki ter sobrevivido soterrado por quatro dias causou grande espanto nas pessoas.
O bruxo disse que estava no Reinga (mundo espiritual) até ser perturbado pelo feixe de luz. O feiticeiro não pareceu satisfeito por ter sido perturbado. Muitos maoris se sentiram revoltados com a sobrevivência de Ariki.
– Por que não o deixou lá onde estava? – perguntavam a Tama, e diziam que cobri-lo novamente de terra seria o melhor a ser feito.


Dado que a região era tão pouco habitada, o número de mortos pela erupção do Tarawera foi relativamente pequeno: cento e cinquenta e três pessoas. Além da chuva de lama, as cinzas vulcânicas caíram em regiões a duzentos quilômetros de distancia; o território atingido pelas precipitações foi de quinze mil oitocentos e cinquenta quilômetros quadrados, e estimativas calcularam que contivesse mais de mil e quinhentos milhões de metros cúbicos de cinzas.

Se bem que os Terraços Rosa e Branco tenham desaparecido, os turistas afluíram para ver os tempestuosos escapes de vapores e os lagos de lama fervente que brotavam da cavidade onde antes existia o lago Rotomahana. Sete anos depois da erupção, contudo, essa atividade cessou bruscamente. Água fervente começou a jorrar do solo e em duas semanas a área foi submersa. Com o tempo, a água esfriou e hoje existe um novo lago Rotomahana, vinte vezes maior que o antigo, ficando o local dos desaparecidos Terraços Rosa e Branco a cento e cinquenta metros de profundidade.



Sophia – continuou seu trabalho de guia-turística, quando ela se mudou para a vizinha Te Whakarewarewa. Em 1895, ela se juntou a uma Companhia Dramática, excursionando em uma viagem à Austrália. Em 1896 ela foi nomeada zeladora da reserva térmica Whakarewarewa.
Ela incentivou muitas mulheres locais a se tornarem guias-turísticas, ajudando a estabelecer essa ocupação como uma forma lucrativa de emprego para as mulheres da tribo Tuhourangi.
Sophia também se engajou fortemente na União Feminina de Temperança Cristã da Nova Zelândia, tornando-se presidente da filial de Whakarewarewa em 1896.
Sophia morreu em Whakarewarewa em 4 de dezembro 1911.  
Alguns de seus muitos descendentes ainda vivem em Whakarewarewa, e uma rua em Rotorua leva seu nome.

A Sra. Haszard curou-se dos ferimentos e viveu até os oitentas e dois anos.

Clara perdeu o vislumbre por Auckland e cidades grandes e se engajou em perpetuar a memória da Te Wairoa

Tama veio a conhecer uma jovem maori quatro anos mais jovem que ele, por quem veio a se apaixonar e se casaram.

Tuhoto Ariki debilitado precisou ser levado para o hospital de Rotorua, onde foi tratado por médicos e enfermeiros. Mas veio a falecer. Apesar de seus 104 anos de idade os maoris disseram que ele viveria por muitos mais anos, se no hospital não tivessem sido cortados seus cabelos – como todos os maoris sabem é um assunto muito sério cortar os cabelos de um feiticeiro tohunga.


***


A erupção da Montanha Tarawera aconteceu há mais de 100 anos. 
Turistas de todo o mundo ainda visitam a montanha. As pessoas podem até mesmo ser “transportadas para a história da erupção” no Museu de Rotorua, explorando o local escavado da aldeia de Te Wairoa, conhecida hoje como "The Village Buried" (A Vila Enterrada), e conhecer os descendentes dos sobreviventes que vivem em Te Whakarewarewa.



A região antes devastada e coberta de lama está hoje de novo verde e bonita. Arbustos, musgos e pinheiros cresceram e ocultaram a devastação do monte Tarawera, mas não se pode olhar para a montanha sem um arrepio de medo – ou cruzar os belos lagos sem ficar um pouco na expectativa de uma súbita nova aparição de Waka-Wairua - A Canoa-Fantasma. 



Bibliografia consultada

teara.govt.nz
rotoruamuseum.co.nz
paperspast.natlib.govt.nz
elibrarynz.com
nzhistory.net.nz
tatuagem.com.br/maori/cultura-maori
msnucleus.org/
nzetc.victoria.ac.nz/

segunda-feira, 16 de março de 2015

Te Wairoa - cap 8




Capítulo 8

O primeiro pico a entrar em erupção foi o pico Wahanga, mais distante para o norte, por volta das 01h30. Isto foi seguido de pico médio mais elevado e, Ruawahia em seguida.

Tamaohoi, o demônio da montanha, dormiu durante muitos séculos.

Sob a influência do homem branco, a moral da população local diminuiu até que Tamaohoi, invocado por Ariki, pode voltar para punir os pecadores.

Ariki proferiu seus encantamentos mais potentes, a magia fatal do makutu (magia negra maori), invocou Rūaumoko (divindade vulcânica) para punir os pecadores, e libertou Tamaohoi, o demônio da montanha, de seu abismo escuro para seu ato de vingança.

Charles Haszard, sua família e os hóspedes olhavam com admiração em todo o lago em um brilho vermelho. Enquanto observavam, uma nuvem negra e densa subiu acima do brilho, iluminado por uma exibição tremenda de um raio.


Línguas de chamas rugiam nos ares e bolas de fogo rolavam dos picos. Uma enorme coluna de fogo podia ser vista atirando para o ar, formando uma nuvem negra de fumaça e cinzas. Rochas fundidas foram arremessadas para fora do vulcão, caindo no lago com um assobio.

O Lago Tarawera era um espelho de cobre, refletindo a montanha da base à cúpula em um olhar sinistro. Dominando tudo, pendurou a grande cortina de nuvem, sombria e escura. A partir da nuvem, grandes bolas de chamas caiam de vez em quando, descendo com um respingo nas águas do lago.

O violento distúrbio atmosférico criado pelas erupções originou um temporal ao nível do solo, que arrasou uma floresta inteira no vale de Wairoa, a vinte quilômetros da montanha.

Nos primeiros momentos da erupção, poucas pessoas dali compreenderam o perigo potencial que ela representava para suas vidas. A maioria dos habitantes pensou sem dúvida que mesmo a maré de lava seria detida pelos oito quilômetros de largura do lago Tarawera.

Charlez Haszard, diretor da escola local, disse para sua esposa “Nós nunca mais veremos uma cena como esta”. Suas palavras foram tragicamente proféticas.

Às 3h30 da madrugada, formaram-se sob a superfície da terra pressões grandes demais para serem escoadas através das três crateras incandescentes, e, com uma série de explosões que foram ouvidas em Christchurch, a seiscentos e setenta quilômetros de distância. A parte sudoeste da montanha voou pelos ares. Uma fenda de forma triangular rachou uma das crateras de alto a baixo e uma fissura com um quilômetro de largura abriu-se no lago Rotomahana. Numa questão de segundos o lago e os Terraços Rosa e Branco desapareceram, deixando um buraco com aproximadamente dois quilômetros e meio de largura por cem metros de profundidade.


Toda a água do lago de cento e quinze hectares, assim como incontáveis toneladas de lama, foi atirada para os céus e desabou sobre Te Wairoa. A água e a lama foram seguidas por milhões de metros cúbicos de lava expelida do que viria a chamar-se a Fenda de Tarawera.

Uma nuvem negra e densa formou-se sobre as montanhas, mas em Te Wairoa continuou a desconhecer-se qual era sua constituição. Então uma chuva de lava, cinzas e poeira começou a cair. Iniciou-se um pesadelo para os habitantes da cidadezinha.

Um vento forte acompanhado por um barulho ensurdecedor de janelas quebradas.

Às três horas, os que estavam na casa da escola ouviram um barulho como de pedras caindo em cima da casa. O barulho era tão grande que não podiam ouvir um ao outro falar. Mr. Lundius pegou uma das pedras.
A chuva de pedras vulcânicas continuou a cair sobre a casa por cerca de uma hora.
Uma tremenda tempestade de vento começou e, em seguida, o vento desceu pela chaminé, com tal força, que quase os sufocou com a fumaça.

Por volta das quatro horas todos, excetuando os Mrs. Blythe e Lundius, se amontoaram no meio da quarto, acreditando, agora, ser este o lugar mais seguro, pois as paredes estavam esbugalhando e ameaçando vir dentro.
Clara andou até a porta – “Acho que ela não vai aguentar!” Mrs. Blythe e Lundius estavam parados no mesmo lugar, quando de repente houve um enorme estrondo e tudo ficou escuro, o teto caindo em cima deles.

Clara agarrou, instintivamente, de um lado a mão de Mr. Blythe, e de outro a de Mr. Lundius.
Enquanto isso, a lama caía sobre suas cabeças.
Mr. Lundius pulou e socou as janelas, cortando muito a mão. Terminou de rebenta-las com chutes. Lundius saiu pela janela e gritou para Clara – “Saia, Senhorita Haszard”, e ele a puxou para fora. Mr. Blythe saiu em seguida.

Ao estarem em campo aberto foram atingidos nas cabeças e nos corpos por pedaços de detritos. Correram para a porta.

Mr. Blythe queria voltar para dentro da casa, mas Lundius o deteve, temendo que o teto viesse a desabar. O telhado já estava tão curvado para baixo, que não era possível entrar em alguns dos outros quartos. Lundius que abriu a porta e ficou parado lá. Lundius convenceu Clara e Blythe de continuarem na varanda, de modo que se o telhado desabasse tivessem uma chance de escapar das consequências.

Clara estava morrendo de frio, e o Mr. Blythe conseguiu apanhar alguns cobertores para protegê-la do frio.

Os três correram para o jardim. Gritavam na tentativa de ouvir a alguma outra pessoa, mas o barulho era alto demais!
Depois de um curto período de tempo, que para eles parecia uma eternidade, ouviram uma explosão próxima, olhando para trás, descobriram que a casa de onde fugiram estava em chamas.

Um raio havia atingido a escola e provocado o incêndio

Uma parte do edifício explodiu em chamas, foi quando o teto desabou. Charlez Haszard e seu jovem sobrinho foram mortos instantaneamente. Ina e a criada Velha Maria se protegeram sob uma resistente mesa de carvalho. A Sra. Haszard estava sentada no meio da sala, rodeada pelos seus três filhos mais novos, com as idades de dez, seis e quatro anos. Um alto guarda-louça deteve as madeiras e as chapas do teto, impedindo-as de cair sobre o grupo. A Sra. Haszard, porém, ficou presa no chão por uma viga que lhe esmagou uma perna. Impossibilitada de ajudar seus filhos, ali ficou, totalmente, consciente, durante sete horas, enquanto, uma por uma, as três crianças morriam a seu lado, sufocadas pela lama.
Mona, de quatro anos, que estava nos braços da Sra. Haszard, gritava que lhe desse mais espaço, porque o corpo da mãe a apertava contra a viga, mas a lama não a me deixava. A criança acabou esmagada. Adolphus, de dez, disse – “Mamãe, eu quero morrer com você” – e não voltou a falar. A pequena Flora, de seis, morreu pouco depois.


No hotel de McRae, uma das duas hospedarias da aldeia, a princípio a erupção não preocupou muito os doze hóspedes, mas quando a lama, as pedras e as bolas de fogo começaram a amontoar-se no teto, o proprietário, Joseph McRae, começou a ver que estavam em perigo. Era tarde demais para fugir. Uma lama profunda cobria o solo. Nem cavalos nem homens já seriam capazes de atravessar o atoleiro.
Uma hora depois de a erupção ter começado, o teto do hotel desabou com estrondo, esmagando o andar superior. Os andares de baixo aguentaram-se.

“Vamos nos abrigar na sala da recepção!” – McRae levou seus hóspedes para a recém-construída nova sala de recepção.

Na sala de recepção todos se amontoaram no escuro, rezando e acendendo fósforos de vez em quando para examinarem o teto.

Edwin Bainbridge, o jornalista, escreveu em suas anotações – “Estamos sob uma forte chuva vulcânica. Este é o momento mais terrível da minha vida. Eu não posso dizer quando eu posso ser chamado a comparecer diante de nosso bom Deus. Eu sou grato por encontrar forças n’Ele”.

Em pouco tempo este teto começou a mover-se ameaçadoramente.

“Precisamos deixar o hotel! Temos que sair!” – McRae convocou a todos para deixarem o local – Por mais aterrorizante que fosse a perspectiva de enfrentar a torrente de lama e rochas que caía do lado de fora, estava claro que permanecer no hotel significava morte certa.

McRae e seus hóspedes foram para fora. Neste momento a sacada do hotel desabou, esmagando e matando o jornalista inglês Edwin Bainbridge.

Através das trevas infernais os sobreviventes do hotel viram uma luz a trinta metros de distância. Avançando a custo, desesperadamente através do atoleiro, McRae e três dos hóspedes conseguiram chegar à sólida casa da guia Sophia, onde haviam muitas outras pessoas abrigadas – mais de 60 pessoas se abrigaram no whare (casa) de Sophia. Ao contrário de muitos dos edifícios da aldeia sua casa resistiu ao poder destrutivo da erupção, devido ao seu telhado agudo e paredes de madeira reforçadas fortes, típicos de um whare.

Cinco dos turistas, no entanto, tinham ficado para trás, perdidos na escuridão.

McRae, sem hesitar, pôs um xale dobrado sobre a cabeça.

– Preciso voltar, alguns dos que me acompanhavam se perderam! – disse o dono do hotel.

– Não, Mr.McRae, o senhor não pode voltar, morrerá – Sophia exortou o escocês.

– Preciso tentar!

McRae correu de volta para o Inferno, a fim de buscar os que faltavam. Encontrou dois deles abrigados em outra casa, dois outros perdidos na escuridão e um escondido sob uma árvore.

O trio, formado por Clara e os inspetores, se esforçava para encontrar algum abrigo, corriam tropeçando em algumas árvores desenraizadas na escuridão. Enfrentando agora um vento quente e sufocante.
Podendo enxergar, graças à claridade gerada pela escola em chamas, viram que o galinheiro estava em pé, e correram para se abrigarem lá. De onde observavam de lá a escola pegando fogo.

Lundius tomou a precaução de escorar as vigas do galinheiro com algumas madeiras que encontrou lá.

Clara, Lundius e Blythe permaneceram no galinheiro até a luz do dia seguinte.

Durante a noite que passaram no galinheiro Lundius se perguntava o que aconteceria se o fogo se disseminasse até o lavadouro, onde o vaso de barro com a caixa de explosivos foi depositado.

A erupção continuou furiosamente até às seis da manhã. Nisto, tão subitamente como havia principiado, a chuva de lama parou.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Te Wairoa - cap 7



Capítulo Sete

Tama encontrou Ariki, sentado serene em seu whare (casa).

“Tohunga, será que eu posso lhe perguntar” – disse o jovem.

“Pergunte e eu lhe responderei – de fato – eu já sei a pergunta que você traz no coração, jovem” – respondeu o feiticeiro – “Você está penoso pela destruição do povoado que virá em breve!”.

“O senhor, tem algo a ver com isso?” – perguntou receoso.

“Os de nossa tribo teem pecado, Tama, e os pecadores precisam ser punidos. Eu os avisei, eu os exortei a se converterem do mau caminho e voltarem a honrar aos antepassados! Você me pergunta se eu tenho algo a ver com isso! A culpa do que está para acontecer é do caminho escolhido pelos de nossa tribo!”.

Tama considerou a resposta do tohunga efusiva, mas se deu por satisfeito e respeitosamente assentiu.

***


Para todos os nativos em Te Wairoa aquilo era uma certeza! 
A aparição de Waka-Wairua, somado ao fato de que mais cedo no mesmo dia as águas do lago subiram de repente em toda sua extensão, era um presságio de desastre, terrível e inevitável.

Contudo, tais fatos não despertaram desespero e pânico, era para eles como uma profecia para um futuro longínquo. 

Mas ninguém pensou em nenhuma ameaça vinda do monte Tarawera, situado a catorze quilômetros de Te Wairoa. A sudoeste da montanha havia uma área de atividades termais: gêiseres de água quente, chaminés de vapores e charcos de lama fervente.
O monte Tarawera, porém, com suas três crateras, estava mais tranquilo que a morte.

Mr. Bird, cunhado de McRae chegou à Te Wairoa trazendo uma carga de mercadorias. Naqueles dias todas as mercadorias chegavam em vagões. Entre a carga havia algo para a escola enviada por Sr. E. Adams, que havia estado com os inspetores algumas semanas antes. Quando deste encontro haviam conversado sobre um novo explosivo. Entre o conteúdo da caixa havia um pedaço que, desde a sua aparência exterior, julgaram ser este explosivo, e, em consequência, trataram a caixa com muito cuidado, colocaram-na em um grande vaso de barro, sendo deixado na casa de lavagem, separado da habitação principal, a casa dos Haszards. 

***


Era uma noite fria e clara de lua cheia. Na verdade, houve uma ocultação de Marte pela Lua às 10h30 naquela noite. Não havia vento.

Na casa dos Haszards todos tinham ido para a cama às 23h

Por volta das 00h30 do dia nove de julho, uma série de tremores de terra sacudiu Te Wairoa, aumentando de intensidade na hora seguinte. 

Durante as três horas subsequentes, porém, as três crateras do monte Tarawera entrariam em erupção.

As pessoas despertaram pela agitação violenta da terra. Lá fora, o céu foi iluminado por relâmpagos.

Os terremotos foram sentidos em toda a Ilha do Norte. Residentes de Auckland, a duzentos e seis quilômetros de distância de Te Wairoa, confundiram o barulho com tiros de canhão distantes.

Às 1h15, Clara acordou com o barulho. Ao vê-la o professor Charles lhe perguntou – “Você sentiu o terremoto?”.

“Sim” – respondeu a filha.

Passou-se um grande período de tempo. Mr. Blythe também foi acordado pelo barulho.

No centro de uma região termal, tremores de terra, mesmo violentos, são “coisa normal”. 

Na casa estavam Sr. Haszard, o professor da escola, Sra. Haszard, suas quatro filhas, um filho, um sobrinho, os inspetores Harris Lundius e J.C. Blythe, e a mulher chamada Velha Maria Maori, criada da família Haszard. 
Estavam todos reunidos em um pequeno prédio perto da residência principal, que continha uma grande sala de estar e dois quartos.

A princípio não sabiam exatamente o que estava acontecendo do lado de fora, com exceção tremores de terra contínuos e um barulho terrível. Então veio uma queda de algum material sólido no telhado. 
Um grande pedaço de ferro, arremessado pelo vento, atravessou a parede e passou por um quadro pendurado na parede. 
Clara foi para a sala de estar, pensando ser esta a parte mais segura do edifício, por ter sido construído de ferro corrugado. 

Foi então que o Sr. Haszard pensou que seria melhor sua esposa e as crianças se sentarem no meio da sala, logo abaixo do cume. Lundius estava de pé na janela, o tempo todo tentando ver o que estava acontecendo do lado de fora, mas ele não conseguia ver nada. A escuridão era tão grande que se pode senti-la. 
Eles acenderam o fogo no fogão.

A Sra. Haszard se sentou no meio da sala, com todas as crianças ao seu redor. Clara e sua irmã Ina se revezavam tocando a harmônica enquanto a mãe cantava hinos religiosos. A Sra. Haszard se levantou e se inclinou para olhar para a parte inferior da porta, quando o teto fez um barulho. 

O professor Charles, Harris Lundius e J.C, Blythe olhavam pela janela. Agora era como ver a um grande lençol de fogo.
Havia uma grande nuvem negra pairando sobre Tarawera, com raios e bolas de fogo.

Prof. Charles disse – “É uma visão incrível, lá fora!” e foi para a varanda. 

sábado, 7 de março de 2015

Te Wairoa - cap 6




Capítulo Seis

“Que diabos foi aquilo que aconteceu no lago, Kelleger?” – o deputado questionou ao padre.

“Os nativos estão dizendo que se trata de uma canoa-fantasma, um sinal de agouro!” – respondeu o clérigo.

“Ora, me admira você, um padre católico, vir me falar em crenças nativas sobre maldições, mau agouros e fantasmas!”

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, deputado” – Kelleger citou Shakespeare.

“Era só o que me faltava! Vir de Auckland para assistir truques de nativos e ouvir um padre apregoar maldições maoris!” – esbravejou o politico.

“Um truque nativo?”

“Claro que se trata de algum truque! Soube que há um líder local, um feiticeiro, que anda apregoando coisas contra o turismo e os ocidentais! Trata-se de alguma peça que nos quiseram pregar!”.

“Eu sei o que eu vi, deputado! E não vejo como poderiam criar ilusões naquele ponto do lago! O senhor também viu, e o viu muito bem!”

“Eu sei o que vimos! Vimos nativos usando de truques sob a névoa para espantar a quem julgam como inimigos!”.


Os turistas obtiveram de algumas pessoas, dentre elas Joseph McRae, a confirmação de que nenhuma outra embarcação partira de Te Wairoa naquela manhã.

A Sra. Sise na mesma noite incluiu em uma carta a seu filho em Dunedin o relato sobre a visão da canoa-fantasma.

Pe. Kelleger e Josiah Martin fizeram desenhos da canoa.

***

“Canoa-fantasma – é do que estão falando no povoado!” – Mr. Bainbridge comentava com McRae, dono do Hotel Rotomahana – “Eu estive um dia antes naquele lago!” – lastimou-se o jornalista – “Adoraria ter estado entre os tripulantes que avistaram a canoa, e tê-la visto com meus próprios olhos! Isto me parece uma história fantástica, os londrinos certamente ficarão muito curiosos sobre algo assim!”.

McRae ficou preocupado com a repercussão negativa, que tal assunto poderia trazer para o turismo local.

“Ora, Mr. Bainbridge! Tais coisas não existem! Como lhe disse, há alguns dias, não existe criatura mais supersticiosa no mundo do que um maori! Eles teem todas essas lendas e são muito impressionáveis! De fato – houve um comportamento, ou fenômeno diferente nas águas antes de partirem e... Bem, isso mexeu com o imaginário deles! O que provavelmente ocorreu não foi nada mais do que ilusões que criaram ao ver pequenas ondas sob a névoa do lago! Pense bem se não seria, para alguém tão supersticioso quanto um nativo, confundir uma pequena onda, a distância de um quilômetro, entre névoas, com um barco!” – e prosseguia o dono do hotel – “Li alguns de seus artigos, admiro seu trabalho jornalístico e o senhor, apesar de bastante jovem, é um profissional muito credenciado, Mister! Mas ouça o conselho de alguém, mesmo que não seja companheiro de profissão, mas alguém mais velho e com experiência – se me permite! Tal tipo de notícia soa sensacionalista ao público mais maduro e... Logo acaba caindo em descrença! Além do que... somos cristãos e sabemos que os espíritos não podem voltar da mansão dos mortos, muito menos em canoas!”.

O jornalista ouviu o empresário, e deixou-o pensar que o havia convencido.

O jovem inglês percebeu que no fundo a preocupação de McRae era que a notícia de que uma canoa-fantasma lendária fora vista poderia ser ruim para os seus negócios! Sim, os maoris poderiam ser “as criaturas mais supersticiosas do mundo”, como dizia o dono do Hotel, no entanto, um misto de turistas, não influenciáveis pelas crenças nativas afirmava ter visto a tal canoa – incluindo até mesmo um sacerdote cristão! E... Ora, não dá pra confundir uma onda com roupas de linhos, penas, remos... Fossem apenas maoris naquele barco!

Edwin respondeu a McRae com uma citação bíblica, que fez o dono do hotel acreditar que o convencera– “Assim o homem se deita e não se levanta; até quando os céus já não existirem, os homens não acordarão e não serão despertados do seu sono. – livro de Jó, capítulo catorze”.


***

Mais tarde, no mesmo dia do avistamento da canoa-fantasma, alguns maoris de Te Wairoa, dentre eles a guia Sophia, foram ao whare (casa) do Tohunga Tuhoto Ariki.

Ariki surgiu altivo e majestoso com seu manto cerimonial de penas quívi.

“Vocês foram desdenhosos com meus avisos e advertências! Trataram-me com grosserias! Voltaram as costas aos nossos ancestrais! Tenho assistido à ruína da tribo Turourangi! Vocês insistiram em beber do álcool dos brancos, em dançar as danças deles e a se corromperem com o dinheiro deles! Transformaram nossa terra em lugar de férias para turistas! Exploram-na por dinheiro, sem pagar o devido respeito aos seus antepassados! Sim, os Turourangi caminharam, apesar de todas as minhas advertências, a passos apressados, para a desmoralização e perdição! Nossos jovens se tornaram debochados e bêbados! Eu incessantemente avisei a vocês! Agora Waka-Wairua, a canoa fantasma veio! É um aviso de Waka-Wairua! – ESTA TERRA SERÁ ARRASADA!”.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Te Wairoa - cap 5



Capítulo Cinco

No dia 31 de maio um grupo de turistas esperava para embarcar em um cruzeiro pelo lago com a famosa guia Sophia.
Entre eles havia três outras mulheres maori, seis maori remadores, Dr. Ralph, um deputado de Auckland, Pe. Kelleher, um sacerdote católico, também de Auckland, um turista chamado Josiah Martin e Sra. R. Sise, de Dunedin e seu marido e filha, que estavam visitando Te Wairoa.

 Padre Kelleher conversava com o Deputado Ralph. 
Dizia o padre – “Estes maoris são um povo admirável. São extraordinariamente inteligentes e profundamente espirituais. Mas de vez em quando fazem alguma coisa que nos enche de perplexidade! Eu havia feito alguns favores à família de uma velha senhora maori e ela me deu de presente um ‘tiki’ de diorito: uma espécie de berloque a que os maoris dão muito valor. Como muitos tikis, esse era uma herança de família, que vinha passando de mão em mão havia gerações. Antes de dar-me o presente, a senhora conversou longamente com o tiki, como se ele fosse uma pessoa humana. Explicou quem eu era e o que havia feito pela família a fim de que ele pudesse compreender por que me estava sendo dado. Terminou dizendo que iria rezar constantemente para que ele fosse feliz em sua nova vida!”.   

Os turistas esperavam para entrar no barco. Mas, antes que tudo estivesse pronto para a partida, o nível do lago subiu rapidamente, cercando o grupo com água e, em seguida, a água diminuiu ainda mais rapidamente. Diminuindo tanto que o riacho Wairoa secou, expondo seu leito lamacento. Em seguida, a água correu de novo, com "um som gritando ao longo das margens do lago".

Os remadores reagiram violentamente a esse fenômeno e, a princípio recusaram-se terminantemente a empurrar o barco para o lago.
O grupo de turista não entendia a demora.

Sophia se aproximou dos remadores e disse em tom baixo – “Como assim não querem sair com o barco?”.

“Te Paea, você viu o que as águas fizeram” – respondeu, também em voz baixa, um dos remadores.

“Não podemos deixar de levar essas pessoas aos Terraços! Há, entre eles, um político e um padre de Auckland, gente que veio de longe, gente importante! E vocês se esquecem de que são os passeios até os Terraços que nos fornecem o sustento?” – Sophia os persuadiu.

Houve um silêncio momentâneo entre os remadores. Um dos barqueiros disse sombriamente: "Muito bem, nós podemos morrer, mas uma vez, então vamos todos descer juntos".


Havia uma grande névoa no lago naquela manhã.
Depois de navegar por algum tempo, de repente, viram a uns dois quilômetros de distância, uma canoa. Primeiramente, enquanto ainda estava distante, esta lhes pareceu ser uma pequena canoa, com um único canoísta. 
O barco foi saudado, com muitos acenos dos tripulantes do barco de Sophia, mas não houve nenhuma resposta.  
O grupo observou a canoa acelerar silenciosamente através das águas serenas do lago Tarawera à sombra da Montanha. 
A canoa estranha e misteriosa se aproximava com seu contorno fantasmagórico nas brumas da manhã que um sol de inverno não conseguia dissipar.
Mas à medida que se aproximou perceberam-na como uma grande canoa de guerra maori tradicional. Os observadores não tiveram dificuldade em discernir a fileira dupla de ocupantes da embarcação onde uma dúzia de fortes guerreiros remavam em trajes tradicionais de linho. Tinham suas cabeças inclinadas e os cabelos plumados, com penas de huias e de garças brancas, como usado para funerais maoris. Alguns dos tripulantes da canoa de guerra estavam em pé.
A canoa de guerra chegou perto o suficiente de forma a ser possível ver o sol brilhando sobre as pás de seus remadores. 

Sr.ª Sise e sua família se extasiaram com a canoa de guerra e seus tripulantes em trajes tradicionais – “Que linda! É um show tradicional!” – exclamou a turista.

“Que esplendia embarcação!” – exclamava Pe. Kelleger!

“Olhe esses trajes!” – dizia o deputado.

Vários dos turistas se voltavam para Sophia – “Sempre fazem essa apresentação tradicional?”.

Mas a guia estava perplexa – “Não... Eu nunca a vi. Não soube sobre planejarem alguma apresentação”.

Mas se a canoa de guerra trazia êxtase aos turistas, algo muito diferente acontecia aos remadores da canoa de turismo. Tomados de pavor os tripulantes maori murmuram entre si – 

“Atua! Atua!” 

(Espírito! Espírito!) – palavras incompreensíveis aos turistas.

– e abaixaram as cabeças para não verem a canoa de guerra.

Para os maoris aterrorizados estas eram as almas dos defuntos sendo transportados para a Montanha dos Mortos.

Ao chegar ainda mais próximo, cerca de um quilometro de distância, perante os olhares incrédulos dos tripulantes as cabeças dos guerreiros à bordo da canoa tradicional se transformaram em cabeças de cães! E agora, na embarcação que surgira dentre as névoas, era treze o número de tripulantes.

Então, tão subitamente quanto apareceu, a canoa de guerra desapareceu perante os olhares incrédulos. 

Os turistas ficaram perplexos. E sua perplexidade aumentou quando não obtiveram da tripulação maori nenhuma informação sobre a misteriosa canoa

Os remadores permaneceram calados durante o trajeto de volta.

Sophia olhou para o monte Tarawera e viu uma nuvem de vapor branco pairando sobre a montanha. Então murmurou para si mesma – "Eu não acho que veremos os Terraços de novo." – tendo sido ouvida pela Sr.ª Sise.

Quando chegaram a terra, os remadores e demais tripulantes maoris, do barco de turismo se tornaram mais faladores. 
Em poucos minutos a notícia difundiu-se na povoação de Te Wairoa:

“Eles viram Waka-Wairua!”
“Eles viram a Canoa- Fantasma!”

A aparição de Waka-Wairua, a canoa-fantasma, fazia parte das lendas da tribo Tuhourangi como sendo um presságio de morte – se bem que a canoa nunca tivesse sido vista por nenhum dos habitantes ainda vivos da região.