sábado, 10 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 2



Capítulo Dois
‘Ela tem o toque mágico’


(Trilha sonora do segundo capítulo: Magic Touch – Kiss)


Muitos anos antes...

O casal Jimmy e Amanda começou a lidar com fatos muito estranhos quando a filha deles, Becky, tinha quatro anos de idade. Pedras caiam frequentemente sobre a casa, sem que se fosse possível identificar de onde vinham. Por vezes tal fenômeno se constituía em uma verdadeira chuva de pedras.
Certa vez ao chegar à porta do quarto da menina, Amanda viu os brinquedos flutuando no ar e Becky sentada no chão. De fato, Becky os fazia flutuar, ligava tevê ou o aparelho de som com o pensamento.
Mas com o passar dos anos tais fenômenos cessaram. E Becky sequer tinha lembrança das antigas habilidades.
Quando se tornou adolescente, Becky passou a conviver com estranhos e terríveis pesadelos.

No sonho ela se via em um lugar alto, como uma pequena montanha, ou algo parecido. Onde era cercada por demônios horríveis e sentia muito medo vendo-os se aproximar. Então ela reparava um desenho no chão – um círculo contendo em seu interior uma estrela de cinco pontas, um pentagrama. Os demônios não podiam transpor a linha do círculo. Então surgia à sua frente um homem alto e encapuzado, de quem não lhe era possível ver a face. O encapuzado dizia: “Derrame o meu sangue”. Só então se dava conta de que estava segurando um estranho punhal. Então ela se aterrorizava com o pedido do homem e acordava gritando.

Alguns anos depois, Becky passou a se interessar por Wicca – uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural. Entendia que o pesadelo que se repetia frequentemente tinha significados que precisava desvendar. Entendia que o sonho revelava que o pentagrama – um dos símbolos sagrados da Wicca – era o símbolo que a protegia.
Amanda desaprovava o interesse de Becky por tal religião, por razões que a filha desconhecia. Dizia à filha que não deveria se envolver com bruxaria. Becky definia a oposição da mãe como “ignorância, oriunda de uma visão demonizada criada pelo cristianismo das crenças pagãs”.
Certo dia, mexendo em coisas antigas no sótão, Becky encontrou um cordão com pingente de pentagrama. Pediu o cordão à mãe – Amanda se viu sem ter como negar o pedido, explicou tal pingente como “coisa antiga de quando eu comprava tudo que parecesse coisa de roqueira”, sem explicar a real origem de tal cordão.
O cordão de pentagrama completou o visual de ‘bruxa wiccana’ de Becky, que se vestia sempre com vestidos pretos longos, botas e maquiagens pretas; e usava cabelo longo pintado de preto, contrastando com sua pele muito clara.
Becky se abarrotou de livros sobre magia e bruxaria. Ao praticar exercícios mágicos propostos em seus livros, Becky começou a fazer objetos levitarem. Isso aumentou seu entusiasmo com a bruxaria – aquilo era real! Escondia da mãe opositora sua habilidade supostamente adquirida com a prática wiccana, pois desconhecia que tais dons lhe eram naturais quando da idade de quatro anos.

***

Chase acordou com uma pedra que acertou o vidro da janela de seu quarto, no segundo andar da casa de seus pais. Ele levantou e abriu a janela para ver o que havia. Ao abrir a janela viu sua namorada, Becky no jardim.

“Becky?” – disse em voz baixa para evitar acordar os pais.
“Chase, desça aqui!” – respondeu a namorada.
“O que há?”
“Desça logo!” – Becky disse impaciente.
“Está bem!”.

Chase vestiu-se apressadamente e foi ter com Becky no jardim.

“Becky, o que há? São três da manhã!”
“Pegue o seu carro, preciso que você me ajude. Eu explico no caminho”.
“Ah! Está bem! Eu vou avisar...”.
“Avise depois do caminho!”.

No carro:

“Preciso que me leve para uma cidade chamada Little Town” – disse Becky.
“Está bem, Becky, está bem! Vou programar o GPS!”.

No caminho:

“Por que essa urgência no meio da madrugada?” – Chase perguntou.
“Estou saindo escondida de casa. Você não vai acreditar no que vou te contar”.
“Por que vamos para essa cidade?”
“Uma coisa de cada vez, Chase!” – Becky respirou fundo – “Você sabe da situação do meu pai!” – Becky se referia à doença renal que Jimmy vinha sofrendo e estava internado, necessitando de transplante. – “Eu procurei o hospital para o exame de compatibilidade e...” – Becky se interrompeu e tornou a respirar fundo, seus olhos lacrimejaram.
“Ei, meu amor, o que houve” – Chase perguntou afagando a namorada com um cafuné.
“Eu não sou filha do meu pai” – Becky respondeu. Chase não soube o que dizer, a namorada prosseguiu “Confrontei minha mãe a respeito! Ela me disse que casou grávida de outro! Ela não tinha o direito de me ocultar isso por vinte e cinco anos!”.
“Ela falou algo sobre seu pai biológico?” – Chase estava surpreso e desconcertado.
“Ela não quis falar muito! Disse que era muito boba e inocente e havia se deixado seduzir por um rapaz de nome Brett, com quem perdeu a virgindade. E depois este se revelou ser muito perigoso e tentou mata-la”.
“Como?” – Chase disse muito admirado.
“Tem muito mais! Disse que foi salva desse Brett e os amigos deles por um homem mais velho de nome Bryan Lempke”.
“Você tinha razão, é difícil acreditar...”.
“Não me interrompe, Chase! E agora fica “melhor” ainda! Ela disse que transou com esse Bryan Lempke! Disse que depois de ter sido resgata por ele, se sentiu como tendo um herói e que tanto vez que acabaram tendo relação! Só que na manhã esse Bryan havia desaparecido! Disse que depois disso voltou para a cidade, pois tais eventos aconteceram nessa Little Town. Já grávida de mim, começou a namorar o meu pai, o Jimmy...”.
“Mas seu pai, o Sr. Jimmy, sabia da gravidez?”
“Sim, mas que decidiram me criar como filha legitima deles... E não quis me falar melhor sobre o que aconteceu entre ela, o tal Brett e tal Bryan... Me disse que o Brett morreu na noite em que ela foi salva pelo tal Bryan... E que eu não deveria jamais procurar pelo tal Bryan ou pela família do tal Brett! E um desses dois é o meu pai verdadeiro!”.
“Errr... E aí?”
“E aí? Aí ela chorou e chorou, me implorou que não procurasse meu pai biológico... E estamos aqui!”.


2 comentários:

  1. Boa tarde querida Aline.. logo de inicio já me transportei pois a descrição me fez lembrar muito de umas regressões que ajudei meu professor a fazer.. na qual aquela pessoa que estava tentando entender o ocorrido passou por coisas muito parecidas.. bem assim mesmo.. simbolos no chão.. sangue, pessoas de capus, e magia negra que antigamente tinha uma força muito grande.. o poder do pensamento é muito grande mas a gente ainda não sabe usar.. e pelo que se sabe tudo que se fala é criado e volta para nós. então temos de cuidar com o que se diz.. bjs e um lindo final de semana até sempre

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  2. E é claro que ela foi procurar e ainda meteu o namorado que não tinha nada a ver com assunto na confusão. rss.

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