sábado, 29 de março de 2014

Íncubo 2



Íncubo 2


Durante o sono em seu quarto, à noite, Deanna se contorcendo e gemendo agarra os lençóis, cerrando forte as mãos. Ela está tendo mais um de seus sonhos eróticos!
Faz tempo que todas as noites, enquanto o marido, que é funcionário noturno em uma fábrica está no trabalho, ela tem sonhos ardentes!
Às vezes sonha estar mantendo relações com o marido, outras vezes são outros homens, colegas do trabalho, amigos do tempo de escola ou atores do cinema, pelos quais nutre atração – ainda que não assumida conscientemente, que assumem o papel de um super amantes que a levam a um prazer muito intenso!
Quando acorda, no entanto, Deanna nunca se lembra de nada do que sonhou. Mas sempre acorda muito cansada, e permanece todo o dia sem forças. De fato seus sonhos eróticos veem a deixando em condições frágeis.

No trabalho Carl comenta com um colega de trabalho, com quem mantem maior amizade, sobre o fato de que Deanna faz tempo tem se mostrado desinteressada sexualmente. Ela nunca o procura e quando a iniciativa é dele ela se diz cansada, sem animo, com mal-estar ou tem dor de cabeça.
O amigo inicialmente aborda o tema com algum rodeio e um pouco sem jeito:
“A mulher deve dar-se ao respeito. Ela deve obediência ao marido...”.
 Mas acaba por disparar sua sentença:
“Abre teu olho, amigo! Se ela não tá tendo nada com você, está tendo com outro”.
A palavra “outro” ecoa como um tormento na cabeça de Carl, que ainda atordoado pelo golpe disparado pelo colega o ouve dar mais opiniões: “Se eu estivesse no seu lugar sabe o que eu faria? Tiraria isso a limpo! Deixaria ela pensar que viria pro serviço e então daria uma incerta em casa, chegando lá no meio da noite”.

Nos dias seguintes Carl não volta a conversar sobre o assunto, mas ele não lhe sai da mente. “Outro”, “Ela está com outro” se repete sem trégua em sua cabeça. Carl se convence de que Deanna o está “chifrando”, como se costuma dizer e que ele só demorou a aceitar, mas o amigo do trabalho teria razão.

Não querendo ser “corno manso” decide tomar medidas drásticas. Numa noite Carl falta ao trabalho e para em um bar para deixar algumas horas passarem para voltar e dar um flagra nos amantes. Levava consigo o revolver que há tempos tinha guardado em casa, o comprara julgando ser necessário para proteção doméstica.
Carl se embriaga enquanto pensa sobre a traição da esposa. Até que decide que é a hora certa para chegar a casa e, encontrando o “ricardão”, dar-lhe cabo da vida.

Mas Carl jamais imaginaria encontrar a cena que realmente viu ao entrar no quarto aquela noite!

Quando chega à porta do quarto, ao pé da cama, ele vê uma criatura horrenda de forma semelhante a um homem grande com enormes asas de morcego, pele grossa, como a de um animal, rabo e pés de bode sobre sua esposa que urra durante o coito. Tomado de pavor Carl dispara cinco vezes contra as costas do demônio. Mas tudo o que há sobre a cama ao fim dos disparos é Deanna morta e ensanguentada sobre a cama.

Carl cumpre pena de vinte anos pelo homicídio. Na prisão vive atormentado pelas lembranças. Teria o demônio sido uma alucinação? Deanna o estaria, de fato, traindo ou sua constante indisposição teria sido um problema de saúde ignorado por ele por conta da convicção de que estava sendo traído?

Deanna se foi. Carl agora encarcerado convive com seus próprios demônios.




quinta-feira, 13 de março de 2014

Histórias de Terror Assustador que dão Medo!




Chegava a sua casa todas as noites por volta de onze e quarenta da noite, voltando do duro trabalho em uma fábrica.

Naquela noite enquanto subia a rua ele a viu de longe.
Não lhe foi possível ver o rosto da jovem moça, devido à iluminação noturna e aos longos cabelos dela. Certamente era formosa, tinha uma bela silhueta.
O que faria ali e só e àquela hora da noite?

Seria meretriz? Não, isso não! Aquela não era uma área de meretrício e, mesmo ao longe, se percebia que suas roupas e modos não eram os desse tipo de mulher.

Na noite seguinte ele a vê, estava parada no mesmo ponto. Vestia o mesmo vestido preto da noite anterior.

Esperaria por alguém?
Ele pensou em ir até ela. Mas se acanhou e seguiu para casa.
Não deixou de pensar nela.

Mais uma noite e ela lá estava. No mesmo lugar das noites anteriores.
E se fosse até ela e perguntasse se procura por alguém? Com pretexto de se oferecer para ajudar poderia vê-la de perto! Quem sabe conseguia uma boa prosa...

Ele caminhou em direção a ela, que começou a andar descendo a rua na direção oposta à que ele vinha a seu encontro.
Será que a assustei? Ele pensou...
Em um segundo pensamento cogitou se suas roupas simples, de quem retornava do trabalho seriam o motivo para ser evitado. Se assim fosse, sentir-se-ia ultrajado!

Tentou alcança-la! Ela apertou o passo...
Chamou-a, dizendo que não se assustasse com ele...
Ela seguiu sem se voltar para ele... Até que ela entrou em um beco.
Ele acreditou que fosse uma tentativa de escapar dele... Ele entrou no beco atrás dela.
Ela estava parada no final do beco, de costas para ele.
Ele tagarelava se explicando e expondo seu temor de tê-la assustado.
Ele se aproximou e tocou o ombro dela. Era frio... como o de um cadáver.
Ela se virou, e ele viu seu rosto.

Ele foi encontrado morto na manhã seguinte, caído no beco.
A última coisa que viu na vida foi o rosto dela...
O rosto da Morte.


domingo, 9 de março de 2014

As Irmãs McGee - cap 4


Resumo dos capítulos anteriores

Greg, um vigia noturno de um mercado, começa a ouvir vozes e a ver vultos no local de trabalho. Desde jovem Greg costumava ver vultos esporadicamente, mas preferia ignorar e não comentar, pois "tinha medo dessas coisas" e as pessoas desacreditavam de suas visões. No entanto, a frequência com que vinha tendo essas percepções no local de trabalho o fez querer conversar sobre elas com alguém.

Ele se lembra de Ellie, uma amiga, que se interessa por assuntos sobre paranormalidade. A amiga lhe incentiva a tentar conversar com os espíritos, uma vez que os pode ouvir. Greg, no entanto, não tem essa intenção. Mas os fenômenos se tornam mais intensos.

Greg não consegue ignorá-los e resolve tentar conversar com os espíritos, a principio sem sucesso. O vigia conversa com moradores muito antigos do bairro e soube de uma senhora que o local dos fenômenos já fora uma casa, onde moraram duas irmãs órfãs, que viviam com o tio e que foram vítimas de um incêndio.

O Vigia tem sua experiência mais assustadora até então, quando foi perseguido e atacado por um dos espíritos.


As Irmãs McGee

Capítulo Último

Na noite seguinte tudo parecia calmo e sem nenhum “fantasma McGee”. Greg no horário em que costumava tirar uma soneca foi se deitar, depois de um pouco de TV, quando se divertiu com reprises de comédias. 
Greg teve pesadelos, onde viu um homem corpulento e sujo, como o das aparições, em estado de embriaguez. Viu-o gritar com duas meninas, como as das visões. Também o viu espancá-las por motivos torpes... Também, no pesadelo, viu-o abusar as meninas depois de obrigá-las a entrar em um quarto. Após o abuso ele as enforca. Depois vai para a sala onde continua bebendo, parecia preocupado com o que aquilo que fizera poderia acarretar. Volta, então, com uma pá e enterra os corpos das meninas, querendo assim ocultar seus assassínios. O homem, então, continua se embriagando até desmaiar pela bebida. Uma ponta de cigarro deixado aceso pelo homem causa o incêndio da casa. 

Greg acorda apavorado! O sonho fora tremendamente vívido! Ao despertar vê diante de si muito nitidamente a irmã mais velha das garotas McGee. O vigia permanece perplexo, olhando fixamente para ela.

“A verdade. Mostre-lhes a verdade!” – disse a aparição, desaparecendo em seguida.

***

– “Greg, é incrível ela te fez ver os eventos em seu sonho isso é incrível!” – disse Ellie eufórica.
– “Incrível? Foi apavorante! Não entendo porque não vi a menor junto dela!”.
– “Talvez a menor não se lembre do que aconteceu e a maior a preserve dessa memória dolorosa! Greg, você tem que contar a verdade sobre as meninas McGee! Lembra-se do que me contou que a Srª Rossington te falou? Que o tio fora muito solidário! Ele foi um monstro, ele as abusou e as matou barbaramente!”.
– “E como provar o que eu falo?”.
– “Você sabe, Greg”.

***

À noite, Greg esperava nervoso por Ellie. Combinaram que ela levaria uma picareta de modo disfarçado e bateria no portão da garagem do mercado à meia-noite. 
Naquela noite caía uma chuva torrencial. Greg chegou a ter dúvidas se Ellie apareceria. Mas à meia-noite, como combinado, Ellie bateu no portão.

Greg abriu o portão e viu Ellie com uma capa de chuva e a picareta enrolada num pedaço de lona.

– “Olha, entra por causa da chuva, mas não sai daqui de perto do portão!” – disse Greg e Ellie assentiu com a cabeça, enquanto se despia da capa pesada de chuva.

Greg se encaminhava para o armazém, julgava que sabia, por intuição onde cavar para encontrar os corpos.

“Eu devo estar louco! Se eu não encontrar nada? O que eu vou dizer para o Sr. Quidacioluo? Como vou explicar ter cavado o chão do armazém?” – o vigia pensava.

Então começaram estrondos e barulho de muita coisa caindo! Greg correu e viu vários produtos voando no armazém. Uma prateleira pesada caiu e por pouco não matou o vigia. Em seguida cacos de vidro, de uma porta com janelas de vidro, que bateu até quebrar, voaram em direção a Greg. Alguns cacos o arranharam, e por muito pouco também nenhum causou um ferido sério ao vigia.

Com os gritos de Greg e todos os barulhos, Ellie correu para o armazém.

“O que você tá fazendo aqui, Ellie?” – Greg perguntou aflito, mas antes que pudesse responder, Ellie caiu para trás num solavanco, em seguida levantou-se de modo muito estranho, sem precisar de apoio e com os olhos completamente brancos. 

Ellie, agora possuída pelo espírito da mais velha das irmãs McGee disse em tom imperativo:

– “Já chega, tio! Pra fora daqui!”

Tudo então se acalmou. O vigia olhava apavorado para os olhos brancos de Ellie, possuída pelo fantasma, que caminhou até um ponto especifico do armazém e o indicou para Greg.

– “É aqui que você tem que cavar”.

Greg cavou até que encontrou os restos mortais das irmãs McGee. 
E quando estavam completamente desenterrados, Ellie possuída sentou-se e disse a Greg “Obrigada, agora poderemos descansar”. Em seguida o espírito da mais velha das irmãs McGee deixou o corpo e Ellie recobrou a consciência.

Na manhã seguinte o armazém parecia ter sido atingido por um tufão e o buraco cavado por Greg exibia as evidencias do crime até então omitido.

O Sr. Quidacioluo, que “não duvidava desse tipo de coisas”, ouviu a história de Greg e o parabenizou pela coragem. Uma pericia policial foi capaz de constatar o homicídio e tentativa de ocultação de cadáver que precedera ao incêndio da casa dos McGee.


Os Fantasmas das Irmãs McGee nunca mais foram vistos.
Greg depois de algum tempo, teve uma oportunidade melhor remunerada, mudando de atividade profissional.
Ellie, depois da experiência, se afastou de assuntos paranormais.
O Quidacioluo Market veio a fechar as portas, não conseguindo sobreviver após uma grande rede de hipermercados abrir uma loja nas proximidades. Há quem afirme já ter visto o vulto de um homem transitar dentro do antigo Quidacioluo Market, cujo prédio permanece vazio. 




sexta-feira, 7 de março de 2014

As Irmãs McGee - cap 3


Greg, um vigia noturno de um mercado, começa a ouvir vozes e a ver vultos no local de trabalho. Desde jovem Greg costumava ver vultos esporadicamente, mas preferia ignorar e não comentar, pois "tinha medo dessas coisas" e as pessoas desacreditavam de suas visões. No entanto, a frequência com que vinha tendo essas percepções no local de trabalho o fez querer conversar sobre elas com alguém.
Ele se lembra de Ellie, uma amiga, que se interessa por assuntos sobre paranormalidade. A amiga lhe incentiva a tentar conversar com os espíritos, uma vez que os pode ouvir. Greg, no entanto, não tem essa intenção. Mas os fenômenos se tornam mais intensos.


As Irmãs McGee

Capítulo Penúltimo

“O que eu faço? Além da Ellie quem iria acreditar nisso? E que tal eu dizer ao senhor Quidacioluo que quero deixar o serviço porque o mercado é assombrado? E preciso de emprego, onde conseguir outro da noite pro dia?” – pensava Greg.


Naquela noite Greg tentou falar com os “fantasmas das meninas” quando as ouviu fez as perguntas sugeridas por Ellie, enquanto deixava o celular gravando. Imaginava que talvez a gravação pudesse captar algo, como em programas de TV que assistira sobre pesquisadores paranormais. Só que o vigia não ouviu respostas, nem no momento em que tentou conversar com os espíritos, nem na gravação. 

“Teria que ser um gravador especial, altamente sensível” – ouviu mais tarde da amiga Ellie.

Mas Greg também se lembrava de que nos documentários pesquisavam o passado do local em busca de pistas. Ao encontrar a Senhora Rossington, uma antiga moradora do bairro, ele a questionou sobre o prédio do mercado.

– “Srª Rossington, a senhora se lembra do que havia, onde hoje é o prédio do mercado? Mais especificamente onde é o galpão, o armazém?”.

– “Sim, ali havia uma casa, era a casa do Sr. McGee! Pobre Sr. McGee!”.

– “Sabe me dizer se esse Sr. McGee tinha filhas?”.

– “Tinha sim, as meninas!”.

– “Uma maiorzinha de seus... treze anos talvez e uma menor por volta de oito anos?”.

– “Sim! Você chegou a conhecê-las?” – A Srª Rossington perguntou admirada.

– “Não, é que... Por que a senhora diz ‘pobre Sr. McGee’?” – Em pensamento Greg respondi para si: “Sim, as conheço”.

– “Ele e a esposa morreram em um terrível acidente de carro... Aquela família foi marcada por duas terríveis tragédias! Primeiro o casal McGee faleceu dessa forma, deixando as garotas órfãs. Mas o irmão do Sr. McGee, foi muito solidário, sem outros parentes próximos, ele ficou com a guarda delas, vindo morar aí e passou a cuidar das garotas. E depois houve a segunda tragédia. A casa incendiou acidentalmente matando as meninas e o tio! A casa era exatamente onde hoje é o galpão do mercado, o Sr. Quidacioluo comprou o terreno, quando ampliou a venda fazendo o mercado! Mas por que pergunta?”.
– “Só por curiosidade, Srª Rossington, ouvi dizer que ali tinha uma casa” – respondeu Greg não querendo dar continuidade ao assunto, uma vez que a Srª Rossington era evangélica e não acreditaria “naquele tipo de coisa”, diria que “quando morremos nossa alma ou vai para o Céu ou para o Inferno sem possibilidade de ficar assombrando por aí”.

Greg relatou tal conversa para Ellie, que se extasiou: 

– “São reais! São essas garotas McGee! Eu queria poder ir ao mercado à noite na hora da sua vigia e tentar perceber esses espíritos!”.

– “Não posso leva-la lá, Ellie! E o que pensariam ou o que diriam ao Sr. Quidacioluo, os que nos vissem entrar?”.

As noites mais assustadoras para Greg, porém, logo chegariam.

Quando foi fazer ronda entre os estoques do mercado, Greg vê nitidamente o “fantasma do homem zangado” parado diante de si. O Vigia começou a fazer o caminho inverso e viu o “homem zangado” começar a segui-lo. Greg foi andando mais depressa, em direção à saída do armazém, mas não a encontrava! Logo estava correndo entre estoques e se vendo num labirinto! Aquilo era impossível, o armazém não era tão grande, e Greg o sairia dele de olhos fechados! Mas por mais que corresse não encontrava como sair dali! Correu por muito tempo sem achar a saída até que viu uma menina pequena acenando e indicando a saída. Era a “irmã menor”. O vigia correu para onde a aparição indicava e conseguiu deixar o armazém. 

Nada mais aconteceu nesta noite.


Continua...

quarta-feira, 5 de março de 2014

As Irmãs McGee - cap 2


Greg, um vigia noturno de um mercado, começa a ouvir vozes e a ver vultos no local de trabalho. Desde jovem Greg costumava ver vultos esporadicamente, mas preferia ignorar e não comentar, pois "tinha medo dessas coisas" e as pessoas desacreditavam de suas visões. No entanto, a frequência com que vinha tendo essas percepções no local de trabalho o fez querer conversar sobre elas com alguém.


As Irmãs McGee

Capítulo Segundo

Greg tinha uma amiga, que gostava de assuntos sobre fantasmas e costumava ler sobre o tema, a qual procurou para contar sobre o que vinha acontecendo.
 Ellie se entusiasmou:

– “Se você pode ouvi-los, eles também podem te ouvir, Greg! Se souberem que você pode ouvir talvez lhe digam algo!”.

– “Se são realmente espíritos que estão lá, não sei se quero conversar, por mais sozinho que me sinta à noite no trabalho!” – ele respondeu.

– “Greg, é sério, não é pra brincar! Olha, pergunte quem são e se você pode ajudar”.

– “Não sei não”.

Ellie assumiu um ar sério e disse enfaticamente para que o amigo não se esquecesse:

– “Mas jamais chame, não diga nenhuma frase que seja convidativa como: ‘venham’, ou ‘entrem’... Não responda se as vozes fizerem perguntas, só você faz as perguntas, e o foco é sempre em que você poderia ajudar, caso lhe seja possível”.

Greg decidiu que definitivamente não tentaria dialogar com “vozes do além”, mas assentiu para satisfazer Ellie.

***

Certa noite ao despertar de sua costumeira soneca durante o trabalho de vigilância, Greg ao abrir os olhos viu dois pares de pés ao seu lado. Calçavam sandalinhas de menina... seriam pés de uma menina “maiorzinha” e outra menor... Como se estivessem paradas ao seu lado vendo-o dormir. O vigia levantou correndo e assustado, olhou em volta e não viu mais nada.

Resolveu ir assistir um pouco de TV... mas no caminho teve a sensação de ver o vulto  do homem grande parado em frente à porta pela a qual deveria passar... Não era um vulto de alguém vivo, era como os vultos que Greg sempre vira desde pequeno. Resolveu dar a volta e chegar à TV por outro caminho, evitando assim, cruzar com o “fantasma do homem grande”...

Enquanto assistia TV o vigia começou a ter a incomoda sensação de haver alguém atrás de si... Que ele intuía ser a “menina maior”. Greg não queria se virar para trás. Ele pensou “A Ellie disse que se elas souberem que posso ouvi-las podem querer falar comigo... vou fingir que não as percebo e não vão tentar se comunicar”. E procurou fingir que não a notava.
Então sentiu uma mão cutucar-lhe o ombro três vezes, como no gesto comum de atrair a atenção de alguém. Greg deu um pulo para longe apavorado e seu coração disparou. Enquanto engolia a seco seguidas vezes pensava “eu já vi coisa, passei a ouvir coisa, mas isso já vai além da conta!”.

***

– “Ellie, a menina maior... digo... Eu acredito que, se há algo lá, sejam duas meninas... talvez irmãs... da primeira vez que ouvi o “chata”, deveria ser a menor chamando a irmã de chata, como quando se perturba os irmãos menores, sabe? Mas tem esse cara grande... não sei qual seria a relação dele com elas... Enfim, essa maior me cutucou o ombro, isso nunca havia me acontecido! Contato físico! Eu não sei se tenho coragem de ir trabalhar hoje à noite!”.

– “Se houver algo lá o que, Greg! Você sabe, como eu, que há, está claro que há! Mas se ela lhe tocou, deve ter falecido faz um bom tempo! Um espírito leva tempo para aprender essas coisas, como materialização! Talvez estivessem adormecidas, tendo sido despertadas por aquela reforma que você me contou que houve no mercado... reformar um lugar assombrado é a melhor forma de acordar os espíritos... afinal estão mexendo na casa deles... Bem, já esse cara grande, que você fala, pode ser um espírito de alguém que foi ruim com quem elas quando conviveram em vida e talvez não queira que você as contate e talvez crie algum tipo de problema! Faz o que te falei e tente falar com essas meninas, que você diz ver e ouvir!”.

– “Espera um pouco, Ellie, como assim o fantasma do cara grande pode ser mal e criar problemas? Eu não vou me meter nisso! Como se lida com um espírito se ele te atacar?”.

– “Ai, Greg! Tenho que ir pra aula, não dá pra conversar mais agora. Só faz como te falei e quando as ouvir pergunte quem são e se você pode ajudar! Tchau!”.

– “Mas, Ellie...”



Continua...

segunda-feira, 3 de março de 2014

As Irmãs McGee - cap 1


As Irmãs McGee


Capítulo Primeiro

Greg trabalhava como vigia noturno de um mercado. Não chegava a ser um supermercado. O Quidacioluo Market, inicialmente uma pequena venda que prosperou, possibilitando ao Sr. Quidacioluo adquirir as propriedades vizinhas, ampliando-a e tomando uma esquina. O Trabalho de Greg consistia basicamente em passar as noites no mercado, o Sr. Quidacioluo queria que “o mercado não estivesse vazio à noite”. 
Greg circulava pelo mercado com a lanterna, assistia um pouco de TV, tendo inclusive seus programas preferidos da madrugada, tirava algumas sonecas...
Nunca houve uma tentativa de roubo ao mercado, de fato, o Quidacioluo Market situava-se em um bairro muito tranquilo. De qualquer forma sempre há a possibilidade de acontecer. Quando questionado por amigos, sobre o que faria em um caso de ladrões invadirem o mercado, Greg respondia se divertindo: “Nesse caso saio correndo na hora!”. Os amigos contestavam dizendo “Mas você é o vigia, Greg, seria sua obrigação enfrentar os criminosos!” e Greg rebatia “Vocês sabem como é: Eles fingem que pagam e a gente finge que trabalha!”.

Mas as noites de Greg deixariam logo de serem tão calmas.

Certa noite Greg preparava café para si, próximo ao armazém do mercado, quando ouviu uma vozinha: “Chata!”.
Era som de voz de criança, uma garotinha certamente. 
Era muito estranho, pareceu ter sido dito dentro do mercado, como se uma garotinha estivesse quase que ao lado do vigia. Greg imaginou que a aparente proximidade da voz fosse apenas um efeito acústico... A casa mais próxima era muito longe para que ele houvesse ouvido uma criança dela... Deveria haver alguém na igreja, que era vizinha do mercado. O vigia conferiu as horas. Já era muito tarde para ainda ter alguém lá, mas poderia ser uma vigília de oração e crianças terem ido brincarem do lado de fora da igreja. Greg foi até a garagem da caminhonete do mercado, de onde poderia verificar se havia alguém na igreja. Não havia ninguém, estava tudo apagado. Greg sentiu um arrepio. Talvez tivesse imaginado... Voltou para seu café... 

“Chata!” – tornou a escutar. Greg cogitou ser algum tipo de manifestação espiritual. Desde a infância Greg via vultos e até mesmo imagens nítidas onde “não havia nada”. Como ninguém mais as via e Greg tinha medo “dessas coisas”, passou a ignorar e deixou de comentar tais coisas com outras pessoas. Vozes, no entanto, ele nunca ouvira.
O vigia procurou por algo por todo lado, sem nada encontrar... a não ser pelos calafrios, e uma ponta de medo, o restante daquela noite transcorreu tranquilamente. 

Na noite seguinte Greg julgou ter escutado risinhos de meninas... Sentiu-se incomodado, mesmo buscando refugio na ideia de que fosse só imaginação. Deveria estar impressionado pela noite anterior... Depois de rondar o salão do mercado, o vigia foi para próximo do armazém... Então teve a sensação de haver visto o vulto de um homem grande. Nada mais nessa segunda noite.

Greg a principio não quis comentar tais coisas com ninguém, diriam, como sempre, que era algo da imaginação, ainda mais tendo o fato de estar sozinho dentro de um mercado durante a madrugada como argumento.

Mas os acontecimentos estranhos próximos ao armazém do mercado não cessaram! Em outra noite o vigia viu nitidamente um homem grande e corpulento muito zangado. Era como se assistisse a uma cena de TV... O homem zangado parecia estar gritando com alguém, enquanto apontava uma direção com as mãos. Foi uma sensação rápida.

Em outra noite quando acordava de uma soneca, que tirou durante o horário de vigilância, Greg viu claramente uma família passando, reconhecendo o que possivelmente seria um casal e duas meninas. Novamente era como uma visão de uma cena do passado. Talvez um sonho, já que ainda estava em estado de alfa?

E ainda em outra noite ele ouviu várias vozes, que pareciam conversar entre elas.

O que Greg já chamava agora de “Os Fantasmas do Mercado” estavam se tornando frequentes demais, e o vigia sentia vontade falar sobre eles com alguém.


Continua...

domingo, 2 de março de 2014

A Sopa de Pedra


Conversando com amigos, vez ou outra mencionei a “Sopa de Pedra”, e em todas as vezes constatei que desconheciam a história que, quando criança, ouvi do meu pai.

Acho uma história muito divertida!

Então, se você também não conhece a história da Sopa de Pedra e ficou curioso aqui está!

...beijinhos***



A Sopa de Pedra

Um mendigo bateu à porta de uma casa muito chique, onde vivia uma família muito abastada. 

“Boa tarde, Senhor! Desculpe-me incomodar! Mas será que vocês teriam algo que pudessem me dar para eu matar a fome, alguma sobra do almoço se tiver?” – perguntou o mendigo.

“Não temos nada, hoje não houve sobras!” – respondeu o homem com desdenho.

“Tudo bem! Mas se o senhor puder, então, me emprestar uma panela com água já está bom! Assim faço uma sopa de pedra com aquela pedra ali!” – disse o pedinte.

O homem ficou curioso acerca da sopa de pedra. 
Aquele mendigo seria capaz de tornar uma pedra comestível? Seria possível deixá-la macia? E mais, seria a tal sopa gostosa? 

Ansioso por descobrir o preparo de tal iguaria ímpar, o abastado foi buscar uma panela com água e a trouxe para o mendigo, que improvisou um “fogãozinho” com algumas pedras, fez um fogo com galetos e colocou a uma grande pedra na água da panela.

O abastado ficou assistindo ansioso.

“O senhor não poderia me ceder um pouco de sal? Digo, para dar uma temperadinha na sopa de pedra?” – perguntou o mendigo.

“Com certeza a pedra ficará mais saborosa se salgada!” – pensou o dono da casa que buscou sal e continuou assistindo ao preparo da sopa.

“Se tiver também uma cenoura!” – disse o mendigo.

“Carne assada fica gostosa com cenoura, a pedra deve ficar também!” – pensou o abastado, que buscou cenouras.

“Pelo cheirinho a sopa de pedra ficará ótima!” – comentou o mendigo e o abastado se entusiasmou!

“Mas se acrescentássemos batatas, talvez inhame, alguma verdura... quiçá uns pedacinhos picados de carne...” – comentou o preparador da sopa. 

O dono da casa correu à dispensa e voltou com todos os ingredientes citados pelo pedinte.

“A sopa de pedra está quase pronta!” – comentou o mendigo para o êxtase do homem abastado! 

“Ah! Que tal uns pães para acompanhar a sopa?” – perguntou o dono da casa!

“Seria ótimo” – respondeu o cozinheiro da sopa!

“Aqui estão pães fresquinhos!” – disse o homem ao retornar.

“Ótimo! A sopa de pedra já está prontinha!” – disse o mendigo.

“E agora?” – perguntou o abastado eufórico.

“Agora é só tirar a pedra e tomar a sopa!”