O Monstro debaixo da Cama
Último Capítulo.
Rachel, espiando a todo o momento pela janela da sala, esperava ansiosa a chegada da sensitiva, que contatara pela internet.
Wilma Cunninham chegou à calçada, olhou para a casa, depois conferiu o endereço em um pedaço de papel que trazia à mão. No caminho até a porta da frente, a árvore no quintal lhe chamou a atenção. A sensitiva se deteve observando a árvore.
Rachel, que observava Wilma, desde que esta chegara à calçada, saiu pela porta da frente.
“Senhora Robinson, presumo” – disse Wilma.
“Sim, sou eu” – respondeu Rachel.
A sensitiva se voltou em direção à árvore, e olhou para Rachel, que assentiu com a cabeça.
Wilma chegou próximo à árvore, esticou os braços com as palmas das mãos abertas voltadas para o tronco e em seguida fechou os olhos. Então sua fisionomia se alterou como em um súbito mal-estar.
“Está tudo bem?” – perguntou Rachel.
“Sim, é algo que senti ao examiná-la! Desculpe-me, sou Wilma Cunninham”.
“Presumi”
“Podemos ver a casa?”
“Sim, Claro”
Sean, Trish e Jeanette, irmã de Rachel chegaram à varanda.
Rachel fez as apresentações.
A aparência de Wilma não correspondia ao que o casal imaginara. Rachel imaginava que a Sr.ª Cunninham chegaria trajando algo como um vestido longo e preto e teria o rosto pálido. Sean a imaginava exótica, com roupas hippies e cabelos arrepiados como uma foto de Einstein. No entanto, ela fugia a ambas as expectativas, não tendo nada em sua aparência que a diferenciasse do comum.
“Pode ficar aqui na varanda com a Trish?” – Rachel perguntou à irmã, que consentiu.
“Em seu e-mail você me falou sobre a criança mencionar um monstro debaixo da cama” – disse Wilma
“Sim” – respondeu Rachel.
“Podemos ver o quarto da garota?”
“Claro”
Sean observava a Sr.ª Cunninham com certa desconfiança. O casal concordou em não dar mais informações à sensitiva na expectativa de testar sua autenticidade no caso de Wilma saber dizer sobre os eventos ocorridos sem que tomasse conhecimento prévio destes.
***
Da varanda Trish percebe que seu ursinho está na calçada, como se tivesse sido deixado ali sentado.
“Tia Jean, meu ursinho está ali na calçada posso apanhá-lo?”
“Sim, querida, cuidado!”
“Acho que ele se perdeu! Posso guarda-lo na caixa de brinquedos?” – perguntou Trish ao retornar com o urso.
“Depois, agora sua mãe e seu pai estão conversando com a moça lá no andar de cima” – respondeu Jeanette, que havia observado que haviam subido ao segundo andar.
“A caixa está aqui na sala, papai trouxe várias das minhas coisas para a sala”.
“Está bem! Só o coloca na caixa e fica aqui sentada com a tia até sua mãe voltar, tá?”
***
Rachel, Sean e Wilma entraram no quarto da pequena Trish. Wilma pareceu sentir algo imediatamente ao entrar no cômodo. A sensitiva fechou os olhos e ergueu as mãos, com as palmas voltadas para fora. Novamente sua expressão facial parecia a de alguém com mal-estar.
“Com certeza há algo neste quarto e nesta casa” – disse a sensitiva e continuou:
“Há uma presença espiritual aqui! Uma presença que não é boa. É algo maligno!”
“A senhora vê alguma coisa?” – Rachel perguntou sussurrado.
Wilma gesticulou com a mão fazendo sinal para esperar. E depois de alguns minutos respondeu.
“Eu vejo um jovem, um rapaz... ele... ele habitou a casa... este era o quarto do jovem”. – disse a sensitiva.
Rachel se lembrou da história que soube, através da vizinha, do jovem que se enforcara na árvore.
“Você quer nos dizer que a casa é assombrada pela alma desse jovem, que teria morado aqui e veio a falecer?” – perguntou Sean.
“Há uma presença espiritual aqui, como eu disse... Mas não! Não é a deste jovem!” – a sensitiva hesitou em completar o que iria dizer. Mas depois prosseguiu:
“O espírito que habita esta casa não é humano! Não se trata de alguém que viveu e esteja preso a esse plano!”.
“Eu soube de um rapaz que morou aqui” – disse Rachel não se contendo.
“Eu vejo o rapaz... Ele teve contato com a presença que sinto aqui... pobre rapaz!”.
E depois de mais alguns minutos a sensitiva disse:
“Afaste a cama! Afaste a cama da menina!”
Sean seguiu a orientação da sensitiva.
“Arranque o carpete!”
Rachel olhou para Sean, que estava hesitante e disse:
“Busque as ferramentas, querido!”
Sean buscou algumas ferramentas e arrancou o carpete. O casal teve uma sensação gelada quando viram o que havia ocultado pelo carpete, exatamente sob o local onde estava a cama de Trish.
Havia um desenho de um pentagrama de linhas pretas no chão de tábua debaixo do carpete e na área do desenho havia grandes arranhões, como se feito por um grande animal.
Rachel levou as mãos à boca. Sean ficou surpreso e perplexo.
“Há um espírito nesta casa, e como disse, não é humano, é um espírito demoníaco!”
E completou: “Diferente do que popularmente se imagina são raros os casos reais de presença dessa categoria de espírito, de fato, pessoalmente, é a primeira vez que eu tenho contato com um”.
Rachel se sentia apavorada ao ver aquilo bem debaixo de onde a filha dormira.
“E o rapaz? A senhora falou do rapaz” – perguntou Rachel.
“Este símbolo é muito antigo, e há muito tempo usado por praticantes de magia... O rapaz que o fez... É por onde o demônio veio! Este círculo no chão funciona como um portal que liga o mundo do demônio ao nosso...
O rapaz o invocou... Vi claramente o passado deste quarto! Aqui o rapaz fez um pacto com esta entidade maligna.... O demônio lhe deu tudo o que ele queria... o carro desejado... dinheiro... popularidade... o amor de uma garota cobiçada... Porém o demônio não tardou em exigir o pagamento. O demônio o levou a um estado psicológico inimaginável! Ele o influenciou negativamente... o rapaz caiu em profunda amargura e depressão... mesmo tudo o que queria e obtivera através do demônio deixou de importar para ele... Foi atormentado até não conseguir suportar mais... Então cometeu suicídio... Enforcando-se... a árvore na entrada! Sim... ele se enforcou nela!”
O casal Robinson estava perplexo.
Rachel gaguejando perguntou:
“Há algo que podemos fazer? Digo... Para que vá embora... o demônio”.
A sensitiva respondeu, após breve hesitação, com pesar:
“Infelizmente... Não creio que haja muito que se possa fazer... Se esta entidade fosse invasora há ritos que creio que poderiam livrar a casa de sua presença, mas... Ele não é invasor... O rapaz o trouxe e deu ao demônio o direito de posse da casa...”.
“Mas, a casa foi deste rapaz no passado, ou de seus pais... Hoje é nossa, nós a adquirimos! Não temos como... não sei... impor isso a esse espírito ou entidade... ?” – perguntou Sean.
“Entendo Sr. Robinson... Infelizmente no mundo astral a casa ter sido vendida não tem valor para esta questão, o demônio a recebeu de um proprietário e este morreu... Ele tem direito espiritual sobre o lugar... Eu lamento muito que eu não possa ajudar... Tudo o que posso fazer aqui é torna-los conhecedores destes fatos que pude captar”.
“Eu agradeço à senhora, Sr.ª Cunninham” – respondeu Rachel.
***
Os Robinsons deixaram a casa, colocando-a a venda.
Os dias que se seguiram passaram hospedados em uma hotelaria até que encontrassem uma casa que pudessem alugar.
A casa no bairro de Highlands continua sem comprador.
Tudo foi finalmente revelado. \o/ Quem será louco de comprar esse lugar agora? Nunca mais.
ResponderExcluirGostei de brisar na história, Aline. Parabéns!
Beijos :*
Poxa vou tentar ler toda a historia. Mas fiquei assutado e o final foi surpeendente.
ResponderExcluirbjs
http://rodrigobandasoficial.blogspot.com.br/
Em quem vai querer comprar?
ResponderExcluirBrilhante final, Aline. Nem tudo são flores.
Bjs