terça-feira, 4 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 1





primeiro capítulo

Um grupo de amigos formado por Max, Pedro, Alan, Henry, Shayla e Cynthia, decidiram aproveitar um dia de final de semana numa região de praias, distante oitenta e cinco quilômetros a oeste de onde moravam, sobre a qual Pedro ouvira falar muito bem.
A rodovia que levava até lá era de terra, muito acidentada e cheia de curvas. A melhor opção era irem de trem. Viajaram até o subúrbio da cidade para, de lá, baldearem para o trem com carros de madeira que os levaria à região praieira.
O trem logo lotou, era um bom sinal, sinal de que o destino era, de fato, popular. A maioria dos passageiros era de jovens.
No caminho havia várias passagens de nível, muitas com cancela, sinal e sirene e as paradas nas estações eram demoradas, quando jornaleiros ambulantes aproveitavam para vender seus periódicos. Além das paradas, se alguém no meio do caminho fizesse sinal o trem parava também.
Pela janela era possível tocar o mato com a mão e Alan até tentou, por várias vezes, apanhar cachos de bananas, dos quais, o caminho era farto, enfrentando protestos de Cynthia dizendo que ele acabaria se machucando. Cynthia também alimentava certo ciúme, pois Alan flertava com algumas passageiras. De fato a “paquerinha de praia” já começava no trem. Já Pedro dividia sua atenção entre a bela paisagem, com o mar à esquerda e a montanha à direita, e Shayla, para quem por muitas vezes voltava um olhar tímido. Foi uma viagem de cerca de três horas, tranquila e muito agradável.
A tranquilidade do grupo só foi quebrada quando Henry, depois de pegar no sono, pois haviam acordado mais cedo do que lhes era de costume, acordou gritando assustado com um pesadelo.

“O que houve, Henry?” – quis saber Shayla
Ele ainda assustado com o sonho vívido respondeu: “Sonhei que eu estava caindo!”.
“Caindo?” – tornou a perguntar a amiga.
“Sim! De uma pedra muito alta!”
“É só um pesadelo, cara!” – disse Max.
“Sonhar que tá caindo é sinal de que você sofrerá desonras, ou um grande perigo!” – Cynthia comentou, em tom de quem conhecia bem os significados populares dos sonhos.
“Ai, Cynthia! Vira essa boca pra lá!” – disse Shayla, que não havia comentado com o grupo algo estranho que lhe acontecera minutos antes. Ela teve a impressão de ver entre os passageiros um homem negro, usando uma roupa com aspecto de pano de chão, olhando fixamente para ela e depois desapareceu, como num delírio.
“Vai ver é perigo de se divertir demais nas praias” – disse Alan.

***

Chegaram ao seu destino. Tratava-se de uma cidade com jeito típico de interior, dessas com apenas um único armazém, um único restaurante... que ficavam, assim como a prefeitura, e o único hospital, e a estação de trem, no entorno de uma praça central.
Trataram de se abastecerem de material para lanche no armazém. Depois partiram para as praias acompanhando os grupos de banhistas.
Não se decepcionaram com as belas praias, a costa verde e visão de muitas ilhas.
O grupo de amigos resolveu explorar a região passando por diversas de suas praias.
Durante as caminhadas Shayla contou sobre a estranha visão do homem, durante a viagem de trem, a Henry.
Eles caminharam até que encontraram uma praia pequena, longe do tumulto dos turistas. Eram os únicos por ali, aproveitando suas águas calmas e a vista da mata que a cercava.

Num momento em que se distraiam com brincadeiras pueris um senhor de meia-idade, modos e sotaque interioranos, trajando camisa xadrez vermelho, calças jeans surradas, botas de borracha e chapéu de couro surgiu ao lado deles, que mal perceberam sua aproximação.

O senhor lhes disse:

“Apesar de não haver cercas, senão apenas uma placa, a qual vocês certamente não se aperceberam, essa praia aqui, não é pública, faz parte da fazenda da qual sou administrador”.

“Desculpe a gente, senhor, não a vimos mesmo...” – Pedro começou a responder sem jeito já sendo interrompido pelo homem:

“Contudo, não há mal que vocês desfrutem aqui da praia. Parecem boa gente! Vocês são da cidade, né? Se vê! Mas não perambulem pelo restante da fazenda. Certo? Seguindo por essa trilha” – olhou para atrás de si em direção à mencionada trilha – “vocês vão dar num apeadouro, onde vocês podem pegar o trem! Só não percam a hora! Não devem ficar aqui à noite!” – fez uma pequena pausa e mirou a todos do grupo “O último trem de volta sai cinco e trinta e cinco da estação e passa na fazenda pelas seis horas. Se o maquinista vir alguém no apeadouro ele para”

“Obrigado, senhor” – respondia Pedro, enquanto Alan, mais afastado olhava o chão achando graça do jeito do homem. Antes que Pedro terminasse de pronunciar a frase, o senhor disse:

“Eu vou deixar a fazenda às quatro horas. Não se esqueçam do que eu disse” e começou a caminhar de volta para a fazenda. Já de costas para o grupo reiterou: “Devem estar no apeadouro mais tardar seis horas para não perderem o último trem”.

***

O grupo de amigos continuou aproveitando a praia e não se deram conta do avançar da hora naquela longa tarde de verão, quando escurece tarde.
Até que Max percebendo a hora alarmou o grupo, que seguiu apressadamente pela trilha indicada pelo administrador da fazenda. Passando por uma grande cabana rústica de madeira e por ruínas de uma casa ou alojamento, que tinha um tronco ao lado.
Quando faltavam ainda trezentos metros para o apeadouro, viram o trem passando por ele.

“Droga! Perdemos a porcaria do trem! E agora como vamos voltar?” – disse Cynthia.
“Pelo jeito vamos ter que passar a noite por aqui!” – comentou Henry.


Continua...

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