sábado, 2 de março de 2013

Gracilda (Borboleta - parte III)


Nos dias seguintes aquilo não me saía da cabeça! Pelo que mamãe falou das lagartas, elas viviam um longo tempo antes de serem borboletas. Mas depois de tanto tempo sendo lagarta e tanto tempo dentro de um casulo só duas semanas vivendo? Logo agora que eram lindas e voavam suas vidas estavam perto de acabar? Menos a Gracilda, afinal ela era uma borboleta rainha, digo, monarca, e vivia nove meses. Ainda assim muito pouco!
De todo modo, eu ficava pensando aquilo comigo mesma e deixei de falar sobre a Gracilda com meus pais no restante da semana.
Até que chegou o outro domingo, e, como de costume, fomos visitar a vovó.
Acho que papai e mamãe pensavam que eu já tinha me esquecido da Gracilda e não imaginaram que eu iria pra longe do pedaço ao redor da casa da chácara onde eu costumava andar com minha bicicletinha.
Eu não sabia há quanto tempo Gracilda já havia se transformado em borboleta e por consequência, quanto tempo mais ela viveria! A chácara era grande demais e o dia curto! Com a bicicleta eu conseguiria procurar mais rápido por Gracilda. E se eu perdesse a oportunidade desse domingo, uma semana a mais poderia ser mais do que a Gracilda viveria! Então saí pedalando pela chácara.
Os caminhos eram acidentados demais para mim tão pequenina com meus cerca de sete anos de idade. Foi uma longa busca, tive dificuldades com a bicicletinha em muitas partes. E nada da Gracilda! Ah, se pelo menos fosse como nas histórias onde outros bichinhos e até árvores falam, algum deles haveria de ter visto a Gracilda! Depois de muito procurar sem conseguir encontrar a borboleta eu voltei frustrada, cheia de poeira e com os calçados bem sujos.
Chegando à casa os adultos estavam com cara de zangados e certamente me dariam uma grande bronca por ter me afastado do redor da casa com a bicicleta e “sumido” pela chácara e isso seguido de um discurso sobre o quanto ficaram preocupados, o quanto me procuraram e o perigo de eu ter me machucado. Mas não o fizeram porque vovó tomando a frente, como fazem as avós, que sempre aliviam os netos, e certamente percebendo minha tristeza e frustração, quis saber por que eu fui para longe com a bicicleta.
“É a Gracilda, vó! Eu preciso encontrá-la enquanto está viva!” respondi.
“Quem é essa Gracilda, de quem não estou sabendo nada ainda?” quis saber a vovó. E contei-lhe tudo sobre a borboleta monarca.


Continua...

Um comentário:

  1. Nossa,fiquei imaginando tu, pequena, nossa 7 anos...eu nao lembro dos meus 7 anos!! uma pena nao ter encontrado com ela :/, falar com as arvores, como nos contos de fadas, sua historia tb lembra um conto...
    tb imagino a preocupação dos pais ne, sempre assim, ainda mais nos pequeninos *-*
    bom.. aguardando a ultima parte da historia, ver no q da e ver se reencontrou a Gracilda..
    483 kusses..~^~

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